Nações Unidas e o mundo
Em
processo inédito, ONU escolhe próximo secretário-geral
- 28/09/2016 06h00
- Lisboa
Marieta
Cazarré – Correspondente da Agência Brasil
O símbolo da Organização das Nações Unidas -
Divulgação ONU
Pela primeira vez na história,
este ano o processo de sucessão do secretário-geral da Organização das Nações
Unidas (ONU) mudou, tornando-se mais transparente. No passado, a eleição para a
escolha do sucessor ocorria de forma reservada. Desta vez, os candidatos foram
a audiências públicas, transmitidas ao vivo pelo site das Nações Unidas.
Este novo modelo, com entrevistas aos pretendentes ao cargo, visa a dar mais
transparência à eleição, que definirá o sucessor do sul-coreano Ban Ki-moon.
Ao longo de sete décadas, o
processo de seleção foi mantido a portas fechadas, com a escolha feita pelos
cinco membros permanentes do Conselho de Segurança: Estados Unidos, Reino
Unido, Rússia, França e China.
De acordo com o Artigo 97 da
Carta das Nações Unidas, “o secretário-geral deve ser nomeado pela Assembleia Geral,
mediante recomendação do Conselho de Segurança”. A decisão requer pelo menos
nove votos a favor, incluindo os dos cinco membros permanentes que têm poder de
veto.
Até o momento, já foram feitas
cinco rodadas de votação secreta, onde os membros do Conselho de Segurança (os
cinco permanentes e os outros dez) votaram em cada um dos candidatos, apoiando,
discordando ou abstendo-se.
Assim que um candidato reunir
nove votos entre os 15 países-membros e a aprovação de todos os membros
permanentes, o conselho recomendará o seu nome para aprovação pela Assembleia
Geral da ONU, que reúne representantes de 193 países.
Candidatos e mulheres
Neste momento, o lugar de
secretário-geral da ONU é disputado por nove candidatos, sendo quatro mulheres.
A resolução 51/241 de 1997 da Assembleia Geral destaca a importância do
equilíbrio regional e de gênero. Os oito secretários-gerais da história da ONU
foram homens.
Apesar da pressão internacional
para a escolha, pela primeira vez, de uma mulher para o cargo, posição que foi
apoiada pelo atual secretário-geral, Ban Ki-moon, nenhuma das candidatas
conseguiu mais do que um terceiro lugar nas votações.
O ex-primeiro-ministro de
Portugal António Guterres venceu, até agora, todas as votações feitas.
Guterres, que já exerceu o cargo de alto comissário das Nações Unidas para os
Refugiados, recebeu ontem (26) 12 votos a favor, dois contra e um em branco.
Guterres venceu as quatro
primeiras votações para o cargo, que ocorreram nos dias 21 de julho, 5 de
agosto, 29 de agosto e 9 de setembro. A próxima votação está agendada para o
dia 4 de outubro.
Ban Ki-moon deixará o cargo, após
seu segundo mandato, em 31 de dezembro deste ano. Embora não haja um número
limite de mandatos, nenhum dos secretários anteriores permaneceu por mais de
dois.
Edição: Carolina
Pimentel
0 Comentários