Lamentamos a saída de Dilma
Dilma diz que fará "a mais firme, incansável e enérgica
oposição" ao governo
- 31/08/2016
17h47
- Brasília
Felipe Pontes - Repórter da Agência Brasil
Após o impeachment, a ex-presidenta Dilma Rousseff faz
pronunciamento no Palácio da AlvoradaJosé Cruz/Agência Brasil
Em
discurso inflamado no Palácio da Alvorada, duas horas após o Senado aprovar seu impeachment,
a ex-presidenta Dilma Rousseff afirmou ter sido vítima de um golpe
"misógino", "homofóbico" e "racista". Ela afirmou
que não gostaria de estar na pele dos que "se julgam vencedores".
Sem
demonstrar abalo emocional, Dilma disse que continuará a lutar "incansavelmente
por um Brasil melhor". Ela convocou seus eleitores e as "forcas
progressistas" a resistirem contra o que disse ser uma agenda de
retrocessos sociais do novo governo do presidente Michel Temer, que seria
contra as principais bandeiras de movimentos sociais.
Dilma
falou sob os olhares sérios do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva e do
presidente do PT, Rui Falcão, bem como de senadores que votaram contra o impeachment e
foram prestar solidariedade à ex-presidente. "Isso não vai nos deixar de cabeça
baixa, vamos ficar altivos e determinados para que um novo golpe não seja dado
contra a Constituição", afirmou a senadora Gleisi Hoffman (PT-PR), após o
discurso.
"Haverá
contra eles a mais determinada oposição que um governo golpista pode
sofrer", prometeu Dilma.
Logo
após o término do discurso, Dilma foi abraçada pelo senador Jorge Viana (PT-RS)
e pelo ex-ministro do Esporte Aldo Rebelo. Ela saiu sem reponder a perguntas.
Bastante sério, Lula foi tambem um dos primeiros a se retirar para o interior
do Alvorada, cujo salão da entrada principal ficou lotado de jornalistas
brasileiros e estrangeiros. Em seu discurso, Dilma também criticou a imprensa.
"O
projeto nacional progressista, inclusivo e democrático que represento está
sendo interrompido por uma poderosa força conservadora e reacionária. com o
apoio de uma imprensa facciosa venal", afirmou.
Representantes
da mídia alternativa e de movimentos sociais também tiveram a entrada
autorizada e permaneceram no local proferindo gritos de ordem contra o agora
presidente Michel Temer, até serem retirados pelos seguranças.
Mulheres
O
discurso de Dilma teve também forte apelo às mulheres brasileiras, a quem ela
rogou a não recuarem diante da "misoginia" de quem perpetrou o que
chamou de golpe.
"Às
mulheres brasileiras que me coloriram de flores e de carinho peço que acreditem
sempre que vocês podem", disse, dando como exemplo de superação a sua
chegada à Presidência da República. "Abrimos um caminho de mão única rumo
à igualdade", disse Dilma.
Ainda
no salão do Alvorada, o advogado de Dilma no processo de impeachment,
José Eduardo Cardozo, demonstrou otimismo em ainda conseguir reverter a decisão
do Congresso no Supremo Tribunal Federal (STF). Perguntada o que o fazia ainda
ter esperança, diante do fracasso de recursos anteriores, ele respondeu que era
"o sentimento de justiça e a ideia de que não vamos jogar a toalha antes
da hora".
Cerca
de 200 militantes favoráveis a Dilma permanecem em frente ao Palacio do
Alvorada. Eles gritam palavras de ordem contra Michel Temer. Mais cedo, houve
um principio de tulmuto quando alguns manifestantes passaram a hostilizar
jornalistas, chegando a jogar terra contra um repórter, logo após a cassacão de
Dilma ser aprovada no Senado.
Edição: Maria Claudia
0 Comentários